POLÍTICA – É possível convencer que a chapa ‘Lula-Neto’ é algo além de improvável?
ACM Neto tem utilizado a estratégia de não trazer a disputa nacional para o debate local.
ACM Neto lidera as pesquisas de intenção de voto na Bahia. No entanto, quando os nomes dos candidatos ao governo são associados a postulantes ao Palácio do Planalto, ACM Neto perde a dianteira para a dupla Jaques Wagner e Luiz Inácio Lula da Silva. É a tentativa de reedição da onda vermelha que, em 2006, levou o senador a vencer em primeiro turno a disputa contra Paulo Souto. Aliados de Wagner, inclusive, celebram o efeito Lula como se fosse uma garantia de vitória. A nove meses da eleição, entretanto, há tempo suficiente para testar estratégias – e isso talvez garanta uma disputa acirrada, ainda que haja clima de “já ganhou”.
Se o lado petista da disputa aposta na nacionalização da eleição e no mantra do tripé PT-PSD-PP, a oposição investe no caminho contrário e nas tentativas de atrair lideranças de escalões médios para disputar vagas proporcionais. São as opções disponíveis para tentar frear a continuidade do governo do PT na Bahia. Uma eventual vitória da oposição, com esse contexto, é uma tarefa complexa. Para o entorno de Wagner, até impossível, pelas reações de representantes do grupo às pesquisas recentemente divulgadas.
Até aqui, ACM Neto tem utilizado a estratégia de não trazer a disputa nacional para o debate local. O União Brasil, partido resultante da fusão entre DEM e PSL, caminha até o momento para não ter uma candidatura própria. Existe uma corrente que tenta colar a imagem do partido ao projeto de Sérgio Moro, porém é tratada como incipiente pelas principais lideranças da nova legenda. Para o ex-prefeito de Salvador, a inexistência de uma candidatura do União Brasil o tornaria menos susceptível à ascendência de Lula sobre o eleitor baiano.
Mesmo que o secretário-geral do União Brasil opte por disponibilizar um palanque para Ciro Gomes, como almeja o PDT da Bahia por exemplo, não o comprometeria politicamente a ponto de ser taxado como o “candidato de fulano” ou o “candidato de beltrano”. Desde 2018, o PT local mantém o esforço para associar a imagem de ACM Neto a Jair Bolsonaro e não tem logrado êxito. Essa lista de potenciais nomes que estariam lado a lado do ex-prefeito é grande e, por enquanto, o único pré-candidato oficializado até aqui conseguiu desviar das armadilhas colocadas.
A tacada de mestre de ACM Neto, todavia, pode ser mais simples do que parece – ainda que isso signifique relegar parte dos anos iniciais da trajetória política do ex-prefeito. Para evitar perder votos por estar dissociado de Lula, ele pode adotar a política da boa vizinhança, como fez em 2016 quando foi reeleito, e, sem pedir apoio para o petista, apostar que eleitores optem pela “chapa” Lula-Neto. Como fazer isso é que é um desafio para a equipe dele…