BRASIL – Governo deveria criar fundo para segurar subida do preço da gasolina, dizem importadores
A empresa está trabalhando com preços defasados, o que gera prejuízo para todos os envolvidos.
O governo federal deveria criar um fundo para ajudar a amortecer o impacto do aumento do preço dos combustíveis tanto nas contas da Petrobras quanto no bolso dos consumidores. Isso é o que defende a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), através do seu presidente, Sérgio Araújo. Segundo ele, a empresa está trabalhando com preços defasados, o que gera prejuízo para todos os envolvidos.
“Os impactos que eu vejo numa atitude da Petrobras de segurar os reajustes do preço, trabalhando com preços artificiais, muito abaixo da paridade internacional, é que isso leva para a Petrobras e para seus acionistas, incluindo o governo, um prejuízo. Como aconteceu no período entre 2011 e 2013, em que a Petrobras trabalhou com uma defasagem dessa ordem de grandeza”, afirmou Araújo, em entrevista.
O presidente da Abicom também sinalizou que, como a Petrobras é um agente dominante, ela acaba direcionando também o preço dos demais importadores e produtores de combustíveis no Brasil, fazendo com que eles também tenham prejuízos na operação.
“Então os demais produtores têm dificuldade de negociar seus produtos a preços adequados. Além disso, os combustíveis alternativos também são impactos, como o etanol, uma vez que a artificialidade do preço causa uma preferência do consumidor pela gasolina e, com isso, sua demanda tende a sumir”, apontou o importador.
Araújo ainda alertou que a política de aplicar preços defasados também prejudica a concretização dos planos da Petrobras de venda de parte do seu parque de refinos. “Ninguém vai botar dinheiro onde o agente dominante pratica preços muito abaixo da paridade”, comentou.
A GUERRA
Para o presidente da Abicom, a guerra envolvendo a Rússia tende a piorar a situação, provocando um aumento considerável do preço do barril do petróleo. Isso, segundo ele, deve provocar uma pressão ainda maior para que os preços do mercados interno também subam.
“O que se fala é que essa guerra não se prevê um final em curto prazo. Isso é muito ruim. O preço do petróleo, que está na faixa dos 115 dólares, tem uma tendência de chegar até 130 dólares. Alguns falam em 150. Ouvi um especialista falar em 185, o que eu acho uma previsão muito ousada. Há uma expectativa de aumento, sem dúvida”, analisou.
“Vai chegar um ponto em que a Petrobras não vai aguentar sustentar não passar os custos do aumento do preço do barril”, concluiu Araújo.
O presidente da Abicom, entretanto, oferece uma possível solução para o problema. De acordo com ele, o governo federal tem meios para amortizar o repasse de preços do combustível para o consumidor sem continuar sobrecarregando a Petrobras.
“Eu acredito que uma solução pontual, para resolver o problema de momento, o governo deveria acelerar a criação de um fundo, com receitas excedentes, para evitar um repasse tão grande no preço para o consumidor. Protegendo a Petrobras e os demais produtores e importadores”, finalizou Araújo.