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POLÍTICA – Esquerda da base governista desaprova mudanças na chapa e luta por espaço

O desejo do governador Rui Costa (PT) de se candidatar ao Senado forçou algumas mudanças.

Tem sido difícil encontrar, entre partidos de esquerda da base aliada do governo da Bahia, quem esteja feliz com a nova arrumação da chapa majoritária governista para outubro. O desejo do governador Rui Costa (PT) de se candidatar ao Senado forçou algumas mudanças nos planos do grupo político, com o senador Otto Alencar (PSD) deixando a pré-candidatura à reeleição, para assumir a cabeça da chapa, no lugar do também senador Jaques Wagner (PT).

Essas alterações, porém, não foram reconhecidas como legítimas por toda a base aliada do governo da Bahia. Integrantes de PT, PSB e PCdoB têm reclamado de como as negociações foram conduzidas pelas principais lideranças da aliança e apontam problemas na possível candidatura do senador do PSD.

Para esses partidos, a escolha de Otto como pré-candidato do grupo não apenas diminui as chances da aliança contra ACM Neto (UB), como também enfraquece as candidaturas das legendas de esquerda à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).

“Tanto Otto quanto [João] Leão, por característica, jogam muito por seus partidos. É diferente de Wagner, que sempre trabalhou por todas as legendas do grupo. Então a gente teme que nossos partidos sejam abandonados pela chapa majoritária”, contou uma liderança de esquerda na Bahia, sob condição de anonimato.

A condução de Rui, como líder do grupo político no estado, tem sido também bastante criticada nas legendas de esquerda, inclusive dentro do PT. Eles reclamam, entre outras coisas, que o governador abandonou as reuniões do “Conselho Político”, órgão criado por Wagner nos seus mandatos de gestor estadual.

“Rui diminuiu muito a frequência das reuniões do Conselho Político. Wagner criou, mas Rui não deu sequência. Ainda não tivemos uma neste ano. Tudo tem sido discutido apenas por alguns nomes”, afirmou a liderança.

As mudanças negociadas na chapa governista têm ainda outro efeito danoso a um desses partidos: o PSB perde a oportunidade de ganhar um senador por quatro anos. O vice-prefeito de Ilhéus, Bebeto Galvão (PSB), é suplente do petista e assumiria a vaga no Senado caso Wagner fosse eleito. Com Otto candidato, os socialistas vêem essa chance descer pelo ralo.

“Depois do PT, que perdeu a cabeça da chapa, o partido que mais perdeu com essas mudanças foi o PSB, que não vai ficar com o Senado. É por isso que a gente acredita que, caso a candidatura de Otto se confirme, a vaga de vice na chapa majoritária precisa ser da esquerda”, confidenciou ao Bahia Notícias um membro da executiva estadual do PSB.

O lugar do PP nesta nova chapa também é contestado. Para esses interlocutores da esquerda baiana, o fato de João Leão (PP) assumir o governo do estado após a provável renúncia de Rui para concorrer ao Senado joga a legenda para o fim da fila na disputa por espaço na chapa.

“O PP, que vai ganhar o governo por alguns meses com a renúncia de Rui, deveria ser o último a requerer a vice. Há outras coisas para que a gente negocie com o PP, como a vaga que vai abrir no Tribunal de Contas em abril. Aí Leão poderia indicar um nome”, sugeriu o dirigente do PSB.

BASE DO PT RESISTE

Dentro do Partido dos Trabalhadores, a desistência de Wagner e a imposição do nome de Otto como candidato ao governo também não desceram bem. A base petista ainda persiste na ideia de lançar um nome próprio e especula nomes como o da prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), e do secretário estadual de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT).

Apesar da vontade de ter um candidato próprio reverberar nas palavras de deputados estaduais e federais do PT, os mais pragmáticos da esquerda descartam a possibilidade. Moema e Caetano são considerados nomes sem força suficiente para bater de frente com a candidatura de ACM Neto. Além disso, recusar um nome do PSD na chapa majoritária seria fazer rachar de vez o grupo governista.

“Se o PT lançar um candidato, vai para a carreira solo no estado. Não tem condições”, cravou a liderança de esquerda.

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