ESPORTE – Reforços irão dar nova cara ao Brasileirão no segundo turno.
A volta de jogadores é um presentão para nós torcedores que amamos futebol.
Se o primeiro turno nos deu a impressão que tudo já estava resolvido no Brasileirão, acredito que o returno irá apagar essa ludibriosa sensação de que título, vagas na Libertadores e rebaixados já estão com os nomes dos clubes gravados em cada posto. Por estes inúmeros jogadores renomados que desembarcaram recentemente no Brasil, espero uma virada nesta segunda parte do campeonato.
Acredito que as colocações dos times ainda não estão resolvidas. Normalmente, ao fim do primeiro turno, o líder do torneio já dá o sinal que vai arrematar a taça. Mas espero que surpresas irão acontecer nas 19 rodadas derradeiras — o turno será encerrado neste fim de semana, mas ainda terá alguns jogos atrasados que serão disputados mais adiante.
É lógico que não posso ignorar todo a campanha e a vantagem que o Atlético-MG abriu na ponta da tabela, com quatro pontos à frente do Palmeiras e oito sobre o Flamengo (dois clubes que eram apontados como franco favoritos pelo título antes de a competição começar). Além de já ter um forte time, com Hulk, Savarino, Nacho Fernández, entre outros bons jogadores, o Galo se reforçou ainda mais com a chegada do atacante Diego Costa.
Espero mais equilíbrio neste returno, algo que não vi nestes dois últimos anos, que foi polarizado entre Palmeiras e Flamengo. Vi alguns clubes se esforçando muito, mas o Rubro-Negro carioca não perdeu de vista o título e acabou abocanhando as duas últimas edições do Nacional. Em 2021, no entanto, parece que teremos algo mais equilibrado.
O desempenho destes medalhões no retorno ao futebol brasileiro — alguns irão até debutar nos nossos gramados porque saíram cedo daqui — é o outro ponto que desperta a minha curiosidade neste complemento do Brasileirão. É uma mescla, pois alguns atuaram pouquíssimo tempo como profissionais no nosso país, outros deram os primeiros passos já na Europa.
Tenho por mim que, por mais que um atleta sonhe em despontar na Europa, seja idolatrado atual na Champions League, ele antes sonha em ser ídolo entre o seu povo. O que faz o jogador se sentir realizado é quando ele se torna uma referência dentro do território onde nasceu, isso é um sonho de infância de qualquer jogador de futebol. Hulk, Diego Costa e Willian, entre outros, até poderiam ter mercado ainda no exterior, mas como fica a satisfação pessoal deles?
A volta de jogadores como Willian, Roger Guedes, Giuliano, Renato Augusto (todos no Corinthians), Dudu (Palmeiras), Hulk, Diego Costa (ambos no Atético-MG), Pedro Rocha (Athletico) e Kenedy (Flamengo), entre outros tantos, é um presentão para nós torcedores que amamos futebol, pois queremos ver qualidade em campo.
Além destes, chegam figuras pouco (ou nada) conhecidas do nosso público, mas que despontaram na Europa ou até aqui mesmo na América do Sul: Andreas Pereira, meia que o Flamengo foi buscar no Manchester United; Jaminton Campaz, meia que o Grêmio pagou R$ 21 milhões (contratação mais cara da história do Tricolor) para tirar do Deportes Tolima; Leo Baptistão, atacante que fechou com o Santos e fez carreira na Espanha, se destacando pelo Atlético de Madri; Jonathan Calleri, que retorna ao São Paulo depois de ter feito sucesso em 2016, mas rodou na Europa sem muito brilho. São várias novidades que já estamos vendo ou iremos acompanhar nas próximas rodadas.
Alguns até ficam matutando internamente: mas para o Tinga, qual foi o clube que contratou melhor nesta janela de transferência? É complicado apontar logo de cara. Alguns irão necessitar de um período de adaptação porque nunca atuaram como profissional aqui, enquanto outros estão longe do futebol brasileiro já há algum tempo. Vide o Hulk, que hoje é um dos principais destaques do Brasileirão, mas que patinou no início e precisou de alguns meses para mostrar todo o seu talento, que, inclusive, o fez voltar à seleção brasileira após hiato de cinco anos.
É preciso ter paciência, visto que no Brasil, infelizmente, o melhor é apenas aquele que ganha. Não há reconhecimento do trabalho, organização, tática… A serenidade também precisa partir dos próprios jogadores, pois é preciso tempo para sentir o que é atuar no Brasil. Jogar no nosso país é diferente de tudo. É preciso se adaptar a jogar debaixo de vaias, aos falsos tapinhas nas costas pelo bom desempenho no domingo, às cobranças na rodada seguinte em caso de derrota, aos gramados que nem sempre são os mesmos ‘tapetes’ que estão acostumados no Velho Continente, às intrigas internas da cartolagens dos clubes, às cornetadas nas redes sociais.
Fonte: Uol