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BRASIL – No foco da CPI, Precisa vai pedir à Anvisa uso emergencial da Covaxin nesta segunda.

A medida ocorre no momento em que um contrato firmado pelo Ministério da Saúde com a empresa é o novo foco de análise da CPI da Covid em meio a investigações por suspeita de irregularidades.

A Precisa Medicamentos, empresa que representa a farmacêutica indiana Bharat Biotech no Brasil, informou que apresentará nesta segunda-feira (28) à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um pedido de uso emergencial da vacina Covaxin.

Em nota, a empresa diz que a autorização é “a única etapa que falta” para que 20 milhões de doses negociadas com a Saúde “comecem a ser importadas e aplicadas no Brasil”.

 

“Estudos internacionais já apontaram eficácia geral da Covaxin de 78% em sintomáticos e 100% em casos graves, o que colaboraria de forma significativa na redução das mortes no Brasil”, informa.

Apesar do anúncio da empresa, o Ministério da Saúde já avalia suspender ou até mesmo cancelar o contrato para obtenção das doses. A avaliação ocorre em meio ao avanço das investigações sobre o caso.

Segundo a Precisa, a decisão por fazer o pedido de uso emergencial nesta segunda foi tomada após obtenção de documentos e dados extras que estavam pendentes.

A existência de denúncias de irregularidades foi revelada pela Folha na sexta-feira passada (18), com a divulgação do depoimento sigiloso de Luís Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde.

Ele disse ao Ministério Público Federal em Brasília que recebeu uma “pressão atípica” para agilizar a liberação da Covaxin, desenvolvida pelo laboratório Bharat Biotech.

A situação resultou em uma nova linha de investigação da CPI. Em depoimento na sexta (25) à comissão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), irmão do servidor, disse que alertou Bolsonaro em março sobre supostas irregularidades na compra da Covaxin.

Miranda também relatou que Bolsonaro teria ligado o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), ao “rolo” nas negociações para a compra da vacina indiana. Barros negou ter participado da negociação.

O presidente Bolsonaro mandou a Polícia Federal investigar o deputado e o servidor, mas não explicou o que fez ao ser alertado por eles sobre as supostas irregularidades.

O contrato da Saúde com a Precisa foi firmado em fevereiro, ainda em um momento em que a vacina não tinha tido todos os resultados de estudos clínicos divulgados, e com previsão de custo de US$ 15 a dose.

Meses antes, o ministério já tinha negado propostas de vacinas mais baratas e já aprovadas em outros países, como a Pfizer.

Integrantes do governo dizem que o governo tinha como objetivo obter doses ainda no primeiro semestre. A previsão de entrega, no entanto, nunca foi cumprida.

No início de junho, após negativa de um pedido anterior, a Anvisa concedeu aval ao Ministério da Saúde para importação da vacina, desde que cumpridos diferentes requisitos, como acompanhamento em estudos clínicos. O volume de doses para importação inicial também foi limitado a 4 milhões. Desde então, porém, a pasta não fez novas reuniões com a Anvisa.

Dentro do ministério, a avaliação é que a soma das investigações, falta de aval para uso emergencial e a dificuldade na previsão de entrega colaboram para a possibilidade de cancelamento do contrato.

Nos últimos meses, a Precisa chegou a divulgar que apresentaria documentos para o pedido de uso emergencial, mas a solicitação não foi protocolada oficialmente.

Por outro lado, a empresa fez um pedido para estudos clínicos da vacina no Brasil, o qual foi aceito em maio pela Anvisa. A previsão é que os testes sirvam como complemento aos dados da vacina obtidos em estudos na Índia.

Em nota, a empresa diz que dará início aos testes “em breve”, com apoio do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.

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