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BRASIL – Bolsonaro busca aumentar papel do governo federal no Bolsa Família.

Presidente Jair Bolsonaro diz que governo cria aplicativo para novos beneficiários, o que vai "libertar as pessoas mais humildes do jogo de quem quer que seja"

O presidente Jair Bolsonaro está buscando esvaziar o papel de Estados e municípios no programa Bolsa Família, segundo especialistas. O movimento seria para melhorar seu desempenho nas eleições presidenciais de 2022.

Segundo reportagem publicada nesta 4ª feira (19.mai.2021), o Ministério da Cidadania está desenvolvendo ações para centralizar no governo federal a execução dos programas sociais. Uma delas é a criação de um aplicativo para o cadastro de novos beneficiários –função que hoje é executada pelas esferas estadual e municipal.

Bolsonaro falou pela 1ª vez sobre diminuir o papel de Estados e municípios no programa na última 5ª feira (13.mai).

“Está quase pronta também a questão do novo Bolsa Família”, disse Bolsonaro ao visitar Alagoas. Ele estava acompanhado do ministro da Cidadania, João Roma.

“Brevemente a inclusão no Bolsa Família não será mais procurando prefeituras pelo Brasil, será feito através de um aplicativo. Vamos libertar as pessoas mais humildes do jogo de quem quer que seja.”

A economista Joana Mostafa, ex-diretora do Cadastro Único para Programas Sociais, afirmou ao UOL que o governo federal já tem um papel central na concessão do Bolsa Família. Mas os municípios são os intermediários com os beneficiários.

“O Bolsa Família já é muito centralizado. Mas, a partir da concessão, tudo que o beneficiário precisar é na prefeitura: desbloqueio, tirar da suspensão, resolver questões de condicionalidades. O bônus político fica dividido, ainda que tanto a Caixa, quanto o Ministério da Cidadania, acabem aparecendo o tempo todo”, disse.

O cientista político Carlos Melo, professor do Insper, declarou que Bolsonaro percebeu o potencial eleitoral de programas de transferência de renda ao avaliar o efeito do auxílio emergencial, concedido durante a pandemia.

“A lógica é entrar em 2022 em condições competitivas. O governo não tem um bom discurso em relação à economia durante a pandemia, nem sobre combate à corrupção, nem sobre o enfrentamento à pandemia em si. Resta a ele elevar os gastos com programas sociais para tentar obter índices de popularidade que o levem para o segundo turno”, falou.

Mayra Goulart, professora de Ciência Política na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e na UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), afirmou que Bolsonaro age dentro da cartilha do populismo de direita.

“Quando mobilizados dessa maneira, muito ligados à figura do presidente, os programas sociais podem ser interpretados como mais uma forma de criar nichos eleitorais. A estratégia que mais deu resultado na conformação do que a gente entende por bolsonarismo é bem mais nichada”, declarou.

Segundo ela, a estratégia pode ainda ser usada como forma de rivalizar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista é considerado por uma parcela da população como o “pai” do Bolsa Família e é um dos principais adversários de Bolsonaro na disputa em 2022.

Pesquisa realizada de 10 a 12 de maio mostra que Bolsonaro e Lula estão numericamente empatados na intenção de votos para o 1º turno das eleições de 2022. Cada um tem 32%. Em um possível 2º turno entre os 2, Lula ganharia de (50% X 35%).

“Vai ser uma concorrência dentro do espaço discursivo em que a memória do PT ainda é muito forte”, disse Mayra.

Fonte: Poder 360.

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