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POLÍTICA : Nacionalizar disputa via propaganda eleitoral é bala de prata para Jerônimo e Roma

Já ACM Neto demarcou, mais uma vez, que não pretende nacionalizar o debate das eleições da Bahia.

Finalmente a propaganda eleitoral chegou ao rádio e à televisão. E, como esperado, trouxe as marcas que devem estar presentes até a eleição. No caso da Bahia, ficaram muito bem demarcadas as estratégias dos dois principais grupos políticos, representados em 2022 por ACM Neto (União) e Jerônimo Rodrigues (PT). Enquanto os petistas vão insistir na nacionalização da disputa, o ex-prefeito de Salvador vai fugir dessa perspectiva. Tudo de olho no comportamento do eleitor baiano.

Se o primeiro dia da propaganda não fosse reservado para governador, o espectador poderia confundir os primeiros momentos do que Jerônimo apresentou com a corrida presidencial. Luiz Inácio Lula da Silva pareceu protagonista, apesar de não ser ele o personagem principal na batalha pelo Palácio de Ondina. Lula, como grande eleitor, está sendo usado desde o primeiro momento em que Jerônimo foi alçado à condição de candidato. Mas, por mais que haja esse esforço, não surtiu o efeito desejado. A grande aposta, como se sabe, é esse período curto de tempo no rádio e na televisão para tornar o candidato ao governo petista conhecido, ao mesmo tempo em que cria a associação dele com Lula.

Até mesmo nos espaços para deputados é perceptível a estratégia de reforço da marca “time de Lula”. Nos contextos entre 2006 e 2014, isso caiu como uma luva para o bom resultado petista na Bahia. Não quer dizer que a lógica vai se repetir em outubro. A aposta é arriscada e não é novidade alguma que há limitações e idiossincrasias que fazem o pleito de 2022 bem diferente daqueles anteriores. Por isso a recorrência nessa bala de prata, como se a eleição de Jerônimo dependesse única e exclusivamente da força de Lula. Quando, na verdade, sabe-se que a grande prioridade petista é a disputa nacional, sendo uma vitória na Bahia um efeito colateral.

Já ACM Neto demarcou, mais uma vez, que não pretende nacionalizar o debate das eleições da Bahia. Desde o lançamento da pré-candidatura, em dezembro de 2021, ele insiste nessa tese que o ajudou a vencer a força e as máquinas federal e estadual em 2012, quando enfrentou o PT no auge da popularidade de lideranças como Lula, Dilma Rousseff e Jaques Wagner – à época, Rui Costa era deputado federal e um ajudante de ordens do então governador. A seu favor, o ex-prefeito tem o histórico de relações republicanas com adversários em instâncias de poder, tais como Dilma, Wagner e Rui. ACM Neto tangencia ao citar Michel Temer e Jair Bolsonaro, ainda que em proporções diferentes tenha endossado esses governos em algum momento.

Apostando em ser uma “terceira via”, João Roma (PL) e até as campanhas proporcionais ligadas a Bolsonaro também apostam nessa nacionalização da disputa. Todos reforçam a relação com o presidente, ainda que as pesquisas de intenção de voto indiquem que o bolsonarismo na Bahia não estaria entre as forças favoritas. Para a perspectiva desse grupo político, todavia, faz muito sentido o posicionamento, já que Bolsonaro depende mais deles do que eles de Bolsonaro – logicamente que sob a ótica daquelas candidaturas de menor repercussão.

Para que a eleição baiana seja disputada em dois turnos é imprescindível que tanto Jerônimo quanto Roma consigam federalizar a discussão da eleição. E a propaganda eleitoral no rádio e na televisão é o último momento para que isso seja dito, repetido e repetido de novo. Resta saber se a estratégia de ACM Neto de se distanciar da campanha para presidente vai continuar funcionando.

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