SAÚDE : Anvisa aprova comprimido oral da MSD contra a covid-19
Ao Valor, a MSD informou que o remédio molnupiravir apresentou eficácia de 89% contra óbitos em pacientes infectados que iniciaram tratamento até cinco dias depois do início dos sintomas.
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, após reunião na tarde de hoje, o uso emergencial do medicamento molnupiravir, da farmacêutica americana Merck Sharp & Dohme (MSD), eficaz contra a covid-19.
Ao Valor, a MSD informou que o remédio apresentou eficácia de 89% contra óbito em pacientes infectados que iniciaram tratamento até cinco dias depois do início dos sintomas. A dosagem em pacientes adultos é de 800 mg (quatro cápsulas de 200 mg) por via oral, a cada 12 horas, e por cinco dias, com ou sem alimentos.
Em nota, a Anvisa informou que o molnupiravir é um medicamento antiviral de uso oral que, nos ensaios clínicos, “mostrou efeitos benéficos a pacientes adultos leves e moderados, com capacidade de reduzir os casos de hospitalização e mortes”. De uso domiciliar, ele funciona de modo a reduzir as chances de o vírus Sars-CoV-2 se multiplicar e reproduz no corpo. Na prática, o mecanismo de ação atrapalha a replicação do vírus dentro do corpo humano.
O remédio já foi aprovado nos Estados Unidos (FDA), na Europa (EMA), no Japão, no Reino Unido, na Austrália e também pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, e está em uso em 17 países. Ao Valor, a MSD relatou que o medicamente já seria usado em 30 países.
Segundo a diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, que relatou o processo e votou pela aprovação, é importante ter opções terapêuticas para determinadas condições clínicas, especialmente em indivíduos que têm alto risco de desenvolver as formas graves de covid-19.O público-alvo inicial, portanto, seriam idosos e pessoas com comorbidades. Freitas, contudo, chamou a atenção para o fato de que o molnupiravir não é um substituto para as vacinas contra covid-19, que permanecem como a melhor opção para prevenir a doença.
Segundo a Anvisa, o medicamento é de uso adulto, com venda sob prescrição médica, e não é recomendado durante a gravidez, a amamentação e em mulheres que podem engravidar e que não estão usando contraceptivos eficazes.
Estudos de laboratório em animais, informou a Anvisa, mostraram que altas doses de molnupiravir podem afetar o crescimento e o desenvolvimento do feto. A agência também não recomenda o uso por mais de cinco dias seguidos ou o uso preventivo. A MSD, porém, diz que realiza estudos promissores com relação à profilaxia com o remédio, cujos resultados devem ser publicados ainda esse ano.