BAHIA – Mulher resgatada de trabalho análogo à escravidão teme segurar mão de repórter
Madalena Silva foi resgatada em março de 2021 após passar 54 dos 62 anos de vida sendo escravizada por uma família.
Exibida no Bahia Meio Dia, a história de Madalena Silva, mulher negra resgatada de trabalho análogo à escravidão, repercutiu nas redes sociais e comoveu telespectadores e internautas. Em um dos momentos da reportagem da TV Bahia, Madalena confessou à repórter Adriana Oliveira que temia pegar em sua mão por ela ser uma mulher branca.
“Fico com receio de pegar na sua mão branca”, desabafou. “Mas por quê? Tem medo de quê?”, indagou a repórter, estendendo as mãos. “Por que ver a sua mão branca… eu pego e boto a minha em cima da sua e acho feio isso”, explicou a senhora de 60 anos. “Sua mão é linda, sua cor é linda. Olhe para mim, aqui não tem diferença. O tom é diferente, mas você é mulher, eu sou mulher. Os mesmos direitos e o mesmo respeito que todo mundo tem comigo, tem que ter com você”, destacou a jornalista, que na sequência abraçou a mulher.
Madalena Silva foi resgatada em março de 2021 após passar 54 dos 62 anos de vida sendo escravizada por uma família. A doméstica não recebia salário, era maltratada e sofria roubos da filha dos ex-patrões, que realizou empréstimos em seu nome e ficou com R$ 20 mil da sua aposentadoria.
Nas redes socias, a jornalista lamentou a situação e ressaltou que o estado baiano ocupa o segundo lugar em número de empregadores que submeteram trabalhadores à situação análoga à escravidão.
“Estarrecedor. Inacreditável. Violência brutal… Me senti tão pequena, tão impotente diante da dor de dona Madalena. Vontade de acolher e nunca mais ter notícia de monstruosidades assim”, escreveu a repórter.