BRASIL: Lula escolhe profissional do mercado e servidor de carreira para diretorias do BC
Os dois nomes foram indicados ao chefe do Executivo pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu Rodolfo Fróes para assumir o posto de diretor de Política Monetária do Banco Central e Rodrigo Monteiro para ser titular da área de Fiscalização da instituição, segundo fontes do governo e do mercado financeiro ouvidas pela reportagem.
Os dois nomes foram indicados ao chefe do Executivo pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).
Fróes vem do mercado financeiro, trabalhou no Bank of America e foi membro do conselho do Banco Fator, instituição que foi presidida pelo atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo.
Ele chega ao Banco Central para substituir Bruno Serra Fernandes, cujo mandato chegou ao fim em 28 de fevereiro. Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a função exige uma interação grande com o mercado financeiro por lidar com câmbio e leilões.
Já Monteiro é servidor de carreira do BC e assumirá o posto hoje ocupado por Paulo Souza, uma vez que seu mandato também expirou em 28 de fevereiro.
“A gente tem uma parte dos diretores que são muito mais técnicos e ligados a áreas que precisam de ter uma continuidade de gestão maior”, ressaltou Campos Neto sobre a diretoria de Fiscalização em dezembro de 2022.
Nesta terça-feira (21), o ministro Rui Costa (Casa Civil) disse que Lula já tinha definido os nomes sugeridos pelo titular da Fazenda e que a indicação formal será feita após a viagem do presidente à China, que começa no dia 25 de março e vai até 1º de abril.
“O Haddad levou os dois nomes, ele [Lula] conversou com os dois, aprovou e vai indicar os dois nomes ao Senado assim que retornar [da China]”, disse Costa, em entrevista à GloboNews.
A lei da autonomia da autoridade monetária, aprovada em 2021, determinou que cabe ao presidente da República a indicação dos nomes dos diretores. Até o anúncio oficial, Lula pode rever os nomes escolhidos.
Posteriormente, os indicados passam por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Os nomes são, então, levados ao plenário para aprovação.
Com a autonomia do BC, a indicação dos diretores é uma maneira de Lula formar uma composição na cúpula da autoridade monetária mais alinhada com o governo petista.
Embora as decisões do Copom (Comitê de Política Monetária) sejam tomadas de forma colegiada entre os oito diretores e o presidente do BC, o diretor de Política Monetária tem um papel importante na reunião que calibra a taxa básica de juros (Selic).
O patamar elevado de juros no país tem sido alvo de ataques de Lula, que vem pressionando a instituição. Nesta terça, o presidente disse que vai continuar “batendo” e “tentando brigar” para que a taxa básica possa ser reduzida. Ele também voltou a atacar Campos Neto, embora não o tenha citado nominalmente.